Trabalho de Conclusão de Curso para a Universidade de Caxias do Sul, Julho de 2015.
Nahual
O Boreau de estilo Nelly Rodi propõe o tema fogo latino, trabalhando o exotismo do verão junto com um toque refinado do folclore do sul da América. Voltando suas origens enraizadas nas civilizações Astecas e dos Andes, relembrando os folclores, tribos e danças locais buscando energia nas cores intensas para reconexão com a mão terra.
Entre os materiais sugeridos estão tecidos naturais, couros e algumas texturas de tecido ‘feito à mão’ relembrando o rústico junto com o acúmulo de metal nos bordados e acessórios. A silhueta expressiva leva alguns elementos do guarda roupa masculino contrastando com o sensual.
Mergulhando na cultura asteca, encontramos os Nahuales. Antigos habitantes do México acreditavam que todas as pessoas nasciam com o espirito de um animal, que o manipulava, protegia, guiava e se manifestava através de sonhos para aconselhar seu protegido. Esses espíritos eram chamados de nahuales e se apresentavam de forma mais forte para xamãs e feiticeiros, permitindo a eles disfrutarem de suas melhores qualidades ou até mesmo assumir a forma de seu guia animal. Os feiticeiros tinham conhecimento místico das coisas secretas da natureza, eram confundidos por mentes incultas por serem praticantes de magia negra, mas usavam isso para práticas de cura e ensinar sobre a espiritualidade para sua comunidade.
Códices astecas mostram que vários deuses também eram vinculados a animais, sendo por seu nome, como por exemplo, Quetzalcóatl (Serpente Emplumada), por suas características ou porque se acreditava que a divindade tinha a capacidade de se manifestar como animal. Guerreiros também tinham atributos animais incorporados às armaduras, utilizavam cabeças de animais, peles e garras assim parecendo mais animais ferozes que humanos.
Com base nessa lenda asteca, foi desenvolvida a coleção Nahual. Tecidos naturais, como o linho o musseline de seda e o couro em cores terrosas simbolizam o poder da terra, a reconexão e cura feita pelos xamãs e seus espíritos.
A coleção traz vestidos em linho, levemente estruturados com pregas macho trazendo como referência a roupa de guerreiros. Calças e shorts em linho com recortes geométricos em couro traduzem a representação dos deuses nos códices astecas. Blusas em musseline de seda dão a leveza espiritual tão buscada através do nahual, com detalhes em pena e diversas amarrações feitas por ilhoses e fios de couro representando assim, o animal preso ao corpo. Bordados com pedrarias rústicas e muito metal, trazem a força dos amuletos usados em seus rituais e batalhas.
A proposta dessa coleção é trabalhar peças que lembrem cada mulher de se conectar com seu próprio nahual, fugindo um pouco do cotidiano e servindo também como um grande amuleto.
